Adilson de Paula Almeida Aguiar, Zootecnista, Especialista em Didática do Ensino Superior, em Solos e Meio Ambiente e em Produção Animal em Pasto; professor e pesquisador na FAZU de Forragicultura e Nutrição Animal no curso de Agronomia, de Forragicultura e de Pastagens e Plantas Forrageiras no curso de Zootecnia; foi coordenador técnico dos cursos de pós-graduação em Manejo da Pastagem e de Nutrição e Alimentação de Ruminantes; palestrante, consultor de projetos de pecuária de corte e de leite da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário; investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite. 

Cada vez se torna mais evidente a necessidade de se adotar tecnologias de alto insumo como base na intensificação dos sistemas de produção em pasto, incorporando as tecnologias de correção, adubação e irrigação do solo, as quais demandam altos investimentos e custos.

Para o manejo da fertilidade do solo é preciso adotar as boas práticas de manejo no uso de corretivos e fertilizantes (BPM). BPMs se constituem na aplicação em campo dos quatro Cs (4 Cs): aplicação da fonte de nutrientes Certa, na dose Certa, no lugar Certo e na época Certa.

Um programa de manejo da fertilidade de solos da pastagem, deve contemplar as seguintes etapas: a) escolha da área que será corrigida e adubada; b) medição e mapeamento da área; c) amostragem de solo e de planta e envio das amostras ao laboratório; d) análise laboratorial; e) interpretação dos resultados de análises de solo e de planta e recomendações de correção e adubação; f) planejamento e execução do programa; g) práticas corretivas: calagem, gessagem, fosfatagem, potassagem, correção de micronutrientes, correção da matéria orgânica; h) práticas de adubação: com cálcio, magnésio, fósforo, potássio, enxofre, micronutrientes, nitrogênio; i) tipos de adubação: química, orgânica, organomineral; j) métodos de aplicação: manual, tração animal, tratorizado, aéreo, foliar, fertirrigação; k) avaliação dos resultados: resposta técnica e econômica; l) avaliação de impacto ambiental.

Para iniciar-se um trabalho de manejo da fertilidade do solo, precisa-se primeiro conhecer os métodos pelos quais se pode avaliar a fertilidade de um solo. Esses métodos são a análise química e física do solo, a diagnose visual de deficiências minerais nas plantas e a análise química da planta.

Os programas de análises de solo e de plantas são utilizados com o objetivo de fornecer um guia para o manejo adequado da fertilidade do solo e da nutrição mineral das plantas. Esses programas fundamentam-se em pesquisas relacionando as propriedades químicas dos solos e/ou o estado nutricional das plantas com a produtividade vegetal. Assim, bons programas nessa área dependem da existência de amplos resultados de pesquisa.

Em levantamentos sobre o consumo de fertilizantes e uso de ferramentas de análise de solo e folhas por produtores agrícolas permitiu concluir que há ausência de tecnologia e de acompanhamento técnico no que se refere ao manejo da fertilidade do solo e da nutrição mineral de plantas: a) mais de 50% dos produtores baseiam-se na própria experiência para a prática da adubação e não possuem um programa adequado de acompanhamento da fertilidade do solo; b) a correção do solo pela aplicação do calcário é feita pela maioria dos produtores, mas sem critérios de dosagem e de frequência; c) pequena parte dos produtores conhece os efeitos da aplicação de gesso agrícola como condicionador do ambiente radicular de subsuperfície; d) cerca de 80% dos entrevistados possuem o hábito de solicitar análise de solo, mas 72% não estão aptos para interpretar os resultados; e) a análise de tecido vegetal é uma ferramenta pouco utilizada pelos produtores para avaliar a necessidade de ajustes no programa de adubação; f) mais de 90% dos entrevistados entendem que o uso inadequado de fertilizantes deve causar algum impacto ambiental; g) 90% dos participantes admitiram necessitar de orientação para melhorar suas atividades agrícolas.     

A maior parte do rebanho bovino brasileiro encontra-se em pastagens implantadas em solos ácidos, pobres em fósforo, cálcio, magnésio, zinco, enxofre, nitrogênio, potássio, cobre, boro, matéria orgânica e com níveis tóxicos de alumínio e manganês. Nestas condições a produção de forragem estimada seria suficiente apenas para suportar taxas de lotação animal entre 0,41 a 0,48 UA/ha/ano.

Aquela baixa lotação animal caracteriza um grande desperdício de recursos climáticos tão favoráveis desta região, tais como: índices pluviométricos entre 1.200 e 2.000 mm/ano, temperaturas médias acima de 22ºC e alta intensidade luminosa; solos planos e profundos; potencial de produção das plantas forrageiras tropicais; e determina que, naquelas condições, a produção animal em pasto seja uma das piores alternativas de uso da terra quando comparada com outras atividades.

Quando aqueles recursos ambientais são explorados com eficiência, podem-se estabelecer altas produtividades em sistemas de pastagens, com lotação animal entre 2,0 a 20,0 UA/ha, durante a primavera-verão; produtividade da ordem de 300 a 3.600 kg/ha/ano de peso vivo (150 a 1.800 kg de carcaça/ha/ano); e produção de leite entre 5.000 a 60.000 kg de leite/ha/ano. Com esses níveis de produtividade animal, os sistemas de produção de leite e carne em pasto passam a ser muito competitivos com alternativas de uso da terra. As causas que levam àquelas baixas produtividades são muitas. Umas das mais citadas nos trabalhos sobre produção animal em pasto é a influência da baixa fertilidade dos solos de pastagens. 

Por outro lado, nos últimos 15 anos, tem aumentado, consideravelmente, o número de produtores que tem intensificado a produção em pastagem fazendo uso de fertilizantes. Nesse contexto, as preocupações já devem ser outras, tais como: manejo incorreto do pastejo e baixo desempenho animal reduzindo os efeitos benéficos da adubação, escolha inadequada das fontes de fertilizantes, erros no manejo de aplicação dos corretivos e fertilizantes e riscos de contaminação do meio ambiente.

Considerando a crescente demanda da sociedade por alimentos, fibras e combustível, o intenso estresse financeiro global e as crescentes preocupações sobre os impactos na qualidade da água e do ar, a melhoria simultânea da produtividade e da eficiência na utilização dos recursos, incluindo a eficiência de utilização de nutrientes é imprescindível que a agricultura e a pecuária adotem as boas praticas de manejo no uso de corretivos e fertilizantes (BPM). BPM podem ser definidas como ações aplicadas aos recursos, que tenham sido validadas pela pesquisa, para proporcionar a melhor combinação entre desempenho econômico, social e ambiental. Para o manejo da fertilidade do solo, BPMs se constituem na aplicação em campo dos quatro Cs (4 Cs): aplicação da fonte de nutrientes Certa, na dose Certa, no lugar Certo e na época Certa.