Guilherme Resende de Oliveira é Diretor Financeiro numa Cooperativa de Crédito do Sicoob em Luz/MG e Coordenador do Projeto Balde Cheio em Luz, formado no curso Técnico Agropecuário pelo CEFET - Bambuí e graduando em Administração de Empresas pela Fasf Unisa.

Recentemente recebi de um amigo, que faço questão de citar o nome, Ernesto Coser Neto especialista em cercas elétricas, uma publicação em seu Instagram onde diz o seguinte na imagem, “Se o produtor não conseguir sobreviver recebendo U$$ 0,30 pelo litro de leite, em breve sairá da atividade. Este é o valor equivalente litro pago no mundo. Você sobrevive recebendo esse valor? Repense seu modelo de produção”. Para facilitar, vou atualizar o valor para a nossa moeda corrente, o que daria algo em torno de R$ 1,209/litro de leite vendido.

Continuando, faço uma citação de um consultor que acompanho suas publicações chamado Ricardo Coelho, no qual uso uma de suas frases mais reflexivas; Concordar é secundário. Refletir é urgente!

Você que está lendo essa materia, saiba de uma coisa: precisamos ser eficientes na produção de leite, esse é o caminho encontrado pela Nova Zelândia para se alcançar significativas melhorias na atividade. Volto a citar um post de Ernesto em seu Instagram na íntegra: “Quando falamos sobre a pecuária na Nova Zelândia, a maioria das pessoas pensam que eles têm vantagens sobre nós no Brasil. E na verdade não tem. Não tem área agricultável e em função disto, não podem usar ração. São muito distantes de zonas produtoras de grãos e consequentemente o custo do frete inviabiliza comprar de outros países. O relevo é muito montanhoso. Não possuem subsídios, a mão de obra custa mais de 20 dólares por hora. A terra é muito cara, os insumos são muito caros. Possuem desafios climáticos pois tem secas severas, tem neve, possuem somente 8 meses com luminosidade suficiente para fotossíntese (4 meses do ano as plantas não crescem bem). Usam diversas espécies de forrageiras para manter os animais pastejando o máximo de tempo possível. Secam todas as vacas por 60 dias do ano no pico do inverno (férias forçadas devido à falta de luminosidade). Os produtores estão recebendo hoje pelo equivalente litro U$$ 0,30. (Recebem por sólidos e seu rebanho tem 30% mais sólidos que o Brasil). E a soma de grande volume, alta qualidade e custo de produção baixo os permitem ser o maior exportador de leite do mundo. São donos de 40% de todo o mercado de produtos lácteos do mundo. Literalmente tiram leite de pedra. São também o maior exportador de carne ovina do mundo e o 5° maior exportador de carne bovina. Eficiência é o caminho. Eficiência em tudo. Mas, principalmente eficiência de pastejo”, postou Ernesto.

Gostaria de levantar mais uma questão, não sou a favor ou contra determinado sistema de produção, mas precisamos analisar nosso empreendimento produtivo da ótica da matriz FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças). Temos totais condições para explorar nossas terras, as condições climáticas são favoráveis e uma série de vantagens se comparado a Nova Zelândia. E porque não somos tão eficientes quanto eles? Onde estamos errando? Faça essa pergunta a você mesmo! Precisamos ser mais profissionais quanto ao uso da pastagem, seja sua produção leite ou corte. Concordar é secundário. Refletir é urgente. 

Gestão

Por fim gostaria de levantar uma outra questão que vejo se tratar de imensa importância para o sucesso da sua atividade, busque informações técnicas, mas faça GESTÃO do seu negócio. Gestão é fundamental para garantir a continuidade dos negócios. Nossos produtores precisam se interessar mais pelo assunto; saber todas as questões técnicas que envolvem a produção de leite é importante, mas precisam estar alinhadas a capacidade de realizar o planejamento estratégico, estabelecer objetivos e metas, analisar indicadores e muito mais.