Guilherme Resende de Oliveira, Diretor de Negócios numa Cooperativa de Crédito do Sicoob em Luz/MG e Coordenador do Projeto Balde Cheio em Luz, formado em Técnico Agropecuário no IFMG em Bambuí e graduando em Administração de Empresas pela Fasf Unisa.
Olá amigos. Uma das maiores dúvidas quando da implantação de um sistema de pastejo rotacionado é sobre a quantidade de piquetes que devo construir numa determinada área e muitos produtores desconhecem os motivos limitando seus resultados por conceitos subjetivos. Para facilitar o entendimento, resolvi escrever um artigo simples abordando esse tema tão recorrente em discussões entre produtores.
A dura realidade das variações de preço do leite durante o ano, impõe a necessidade de maior eficiência e de redução dos custos, por meio do uso de tecnologias acessíveis à maioria dos produtores de leite. Este cenário traz novamente o manejo intensivo de pastagens como uma das melhores alternativas de uso eficiente da terra, pois possibilita a produção de grande quantidade de forragem por área, aliada a bom valor nutricional desta forragem.
Entretanto, sabemos que essa tecnologia não é novidade há muito tempo. Sempre fica a questão: Se é tão bom e barato porque todo mundo já não está fazendo? E o que dizer dos inúmeros produtores que tentaram, sem sucesso, aplicá-la em suas propriedades? As causas para a reduzida utilização do manejo intensivo de pastagens são de diversas origens e para mim a falta de conhecimento é a mais importante.
Pastejo Rotacionado
O pastejo rotacionado permite o controle mais rigoroso da colheita da forragem e o melhor aproveitamento do pasto, evitando a desuniformidade de pastejo. Com esse sistema é possível, também, controlar a frequência de desfolha das plantas, possibilitando sua recuperação de forma adequada, evitando a degradação da pastagem.
Quando se faz a opção por sistemas rotacionados de pastejo, torna-se necessário estabelecer o ciclo de pastejo, ou seja, os períodos de ocupação e de descanso a serem adotados.
Período de Ocupação
O período de ocupação depende do ritmo de crescimento das plantas e da infraestrutura disponível na propriedade. Quanto menor for o tempo de permanência dos animais em cada piquete, tanto maior deve ser o controle do homem sobre o pasto e tanto maior será a necessidade de infraestrutura (bebedouros, cercas e corredores). Dessa forma, em áreas mais intensificadas, onde o ritmo de crescimento das plantas for elevado, o período de ocupação deve ser de um dia, o que é mais recomendado para vacas de leite. Já nas áreas mais extensivas, com solos menos férteis, esse período pode ser estendido, não devendo, no entanto, ultrapassar uma semana.
Período de Descanso
Para determinar o período de descanso, deve-se levar em consideração informações sobre a produção, as perdas, a curva de crescimento e o valor nutritivo da planta forrageira. Veja na imagem abaixo o intervalo de pastejo recomendado para algumas espécies forrageiras.
Escolha e Divisão da Área
A montagem de um sistema de pastejo rotacionado pode ser feita aproveitando-se apenas as divisões já existentes ou redividindo-se os pastos. No caso de se redividir as áreas, o primeiro passo deve ser definir os locais onde serão implantados os sistemas de pastejo rotacionados e as áreas de descanso, dando preferência, inicialmente, às áreas com boa população de plantas e de melhor fertilidade de solo. Em seguida, deve-se determinar o número de piquetes necessário e fazer as divisões. O número de piquetes depende do período de descanso e do período de ocupação indicados para a forrageira com que se está trabalhando e deve ser calculado de acordo com a seguinte equação:
Vale ressaltar, portanto, que a quantidade de piquetes se dá em função do período de descanso de cada forrageira e do período de ocupação. Por não conhecimento, geralmente a quantidade de piquetes usados nos sistemas de pastejo rotacionado não atendem aos requisitos e acabam por não funcionar corretamente.
Dessa forma fica mais fácil estabelecer a quantidade de piquetes. Um dos capins mais usados em sistemas de pastejo rotacionado é o mombaça; que tal exemplificarmos um pouco mais com base na tabela de cálculo de piquetes? Imagine que você está fazendo um sistema de pastejo rotacionado com capim mombaça. Período de Descanso do Mombaça (28 dias), divide-se pelo Período de Ocupação (1 dia) e soma 1, o que nos traz um resultado de 29 piquetes que devem ser feitos na área, ou seja, veja que a quantidade de piquetes não depende em momento algum do tamanho da área que você tem e sim, como dito anteriormente do período de descanso e de ocupação.
Dica
Procure saber mais sobre o potencial de produção de matéria seca de cada forrageira, essa informação lhe auxiliará na determinação do tamanho do módulo do seu pastejo rotacionado.