Luis Gustavo Mendes é Engenheiro Agrônomo formado na ESALQ/USP em 2015 e Licenciado em Ciências Agrárias pela mesma Instituição. Mestre em Engenharia de Sistemas Agrícolas, também pela ESALQ/USP, com concentração em Agricultura de Precisão e SIG em 2019. É professor do Curso de Pós-Graduação em Agricultura de Precisão e Fertilidade do Solo da UNA de Bom Despacho-MG. É fundador e sócio proprietário da BullGreen Pasture Technology, empresa de tecnologia aplicada à pecuária.

Muito se fala em amostragem de solo atualmente, e de fato, a amostragem é um dos primeiros passos para o correto manejo das culturas que serão implementadas nas áreas, sejam elas pastagens, milho, soja ou qualquer outra cultura agrícola.

Existem diversos tipos de amostragem de solo e cada uma deve ser aplicada de acordo com uma metodologia ideal. A amostragem de solo nos fornece informações da fertilidade dos nossos talhões. 

Por meio de uma “amostra” (porção de solo extraído), temos o intuito de caracterizar um todo, ou seja, uma pequena porção de solo tende representar muitos hectares no campo, uma vez que a amostragem da lavoura inteira é inviável economicamente.

Hoje em dia, temos as amostragens de solo georreferenciadas como uma das principais ferramentas utilizadas na Agricultura de Precisão. Com o georreferenciamento dessas amostras com o auxílio de GPS, é possível a confecção de mapas de fertilidade e a posterior aplicação dos insumos de maneira variada, de acordo com os níveis e necessidades de cada região produtiva.

Devido aos elevados custos de uma amostragem mais densa, com maiores números de pontos por hectare, muitos produtores raleiam as amostras, porém não se atentam aos erros amostrais e qualidade da amostragem realizada.

Tipos de Amostragem no Contexto da Agricultura de Precisão

Existem basicamente duas metodologias de amostragem de solo no contexto da Agricultura de Precisão, a primeira delas e a mais utilizada é a amostragem em grade e a segunda é a amostragem direcionada.

A amostragem em grade pode ser subdividida em amostragem em grade “por ponto” ou amostragem em grade “por célula”.

Amostragem em Grade por Ponto

Vamos começar pela amostragem que mais se popularizou no Brasil que é a amostragem em grade por ponto. Em um programa computacional é gerado uma grade amostral com polígonos regulares sejam eles quadrados ou hexágonos. Posteriormente são criados pontos amostrais dentro desses polígonos. Esses pontos podem estar localizados no centro ou aleatoriamente dentro dos polígonos.

A equipe de campo, com o auxílio de um GPS de navegação, coleta as amostras nos locais pré-definidos. Orienta-se que em cada ponto amostral sejam retiradas de 8-12 subamostras em um raio amostral de 2 a 5m.

Essas subamostras devem ser misturadas e homogeneizadas gerando uma amostra composta, que será enviada ao laboratório para análise. 

Lembrando sempre de utilizar as boas práticas de amostragem, evitando contaminações entre as amostras, não amostrando em cima de formigueiros, estradas, carreadores, etc.

Os resultados laboratoriais são então atrelados as coordenadas das amostras retiradas no campo para realização da interpolação e criação dos mapas de teores de nutrientes no solo. 

Por meio da interpolação são estimados valores em locais onde não foram amostrados, com intuito de preenchimento de toda a superfície dos talhões como mostra a figura a seguir.

Com os arquivos dos mapas gerados, a máquina irá a campo realizar a aplicação em taxa variada, porém necessita dos sistemas de GPS e controladoras, sejam elas elétricas ou hidráulicas, para realizar a variação da taxa dos insumos a serem aplicados.

Amostragem em grade por célula

Talvez na minha visão uma excelente metodologia para amostragem em pastagem, uma vez que não é tão cara quanto a amostragem em grade por pontos e se bem realizada, pode ser mais eficiente.

Na amostragem por célula, os talhões são subdivididos em áreas denominadas “células”. Nessa amostragem, as subamostras são coletadas ao longo da área das células. Espera-se um número de subamostras maiores que na amostragem por ponto, uma vez que a área que iremos representar será maior.

Após a coleta das subamostras, elas devem ser colocadas num balde e homogeneizadas. Desse balde deve ser retirada uma amostra (chamada de composta) para ser enviada ao laboratório.

Para a geração do mapa final, essa metodologia não exige a interpolação dos pontos, uma vez que os valores provenientes das análises laboratoriais serão atribuídos ao valor de cada célula.

O processamento dos dados nessa metodologia é bem mais simples, uma vez que não necessita de conhecimentos de geoestatística para realizar as interpolações.

Àqueles produtores que não possuem máquinas equipadas com GPS e controladores de taxa variada não precisam se preocupar em gastar dinheiro para aquisição desses equipamentos.

Para aplicação em diferentes doses utilizando a amostragem em célula, basta regular a máquina com as dosagens exigidas em cada célula e aplicar os insumos com maior assertividade com a máquina convencional que possui na própria fazenda.

Amostragem Direcionada

Esta metodologia de amostragem já envolve um conhecimento prévio da área que se busca investigar. 

Para criar os pontos amostrais nessa metodologia são recomendadas as análises de mapas de produtividade, condutividade elétrica, índices de vegetação, entre outros.

Além disso, a amostragem direcionada demanda um certo conhecimento de agricultura de precisão e softwares de processamento de dados georreferenciados.

O objetivo dessa investigação não é a geração de mapas de fertilidade dos solos, mas sim, as investigações das causas da variabilidade presentes naqueles locais.

A amostragem direcionada é ideal para sistemas mais amadurecidos em agricultura de Precisão.

Independente do valor que você queira dispender com amostragem de solo, o intuito é você conhecer as metodologias de amostragem existentes e selecionar a que melhor se encaixa na sua cadeia produtiva.