Esta é uma série, que traz trechos da publicação Boletim Técnico 199, da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Do pasto ao leite: uma atividade rentável e sustentável, Como produzir 18 mil litros de leite por hectare.

A utilização correta dos alimentos concentrados é uma ferramenta importante para aumentar a produtividade dos sistemas. Segundo Bargo (2003), em sistemas de produção à base de pasto, o uso de alimentos concentrados tem como principais objetivos aumentar o consumo total de matéria seca e de energia, corrigir as deficiências e/ou adequar o consumo de proteína às exigências da vaca.

Em relação à vaca em lactação, a utilização dos alimentos concentrados tem como objetivos manter e/ou aumentar a produção individual, manter a persistência de lactação e diminuir as perdas de escore de gordura corporal. Entretanto, sua eficiência técnica e econômica está correlacionada com qualidade do pasto, com os níveis de oferta de pasto, com o mérito genético das vacas, o estágio de lactação e a quantidade de suplemento fornecido às vacas. Segundo Dillon et al. (2006), nos sistemas à base de pasto, vacas com alto potencial genético para produção de leite apresentam melhores respostas na produção de leite, com o incremento na oferta de pastos, tanto em quantidade quanto em qualidade, bem como apresentam maior eficiência no uso dos suplementos concentrados.

De forma geral, a suplementação promove efeitos de curto e longo prazos em sistemas de produção de leite baseado em forrageiras tropicais. Os efeitos de curto prazo são o aumento no consumo de matéria seca total, a diminuição no consumo de matéria seca de forragens (efeito substitutivo), com aumento na produção individual de leite. Em contrapartida, os efeitos em longo prazo relacionam-se ao aumento na taxa de lotação das pastagens, aumento no consumo de matéria seca por área, com aumento na produção de leite por área (HOLMES & MATHEWS, 2001).

De acordo com Baudracco et al. (2010) o nível de suplementação necessário por vaca relaciona-se com as taxas de lotação e com o valor nutritivo do pasto, bem como está na dependência do potencial genético das vacas, da eficiência de utilização dos concentrados, da relação de troca entre o valor do leite e dos custos dos concentrados.

Na maior parte das vezes, a suplementação com concentrados se torna vantajosa sempre que o custo do concentrado for até 80% do preço do leite, com vacas de bom potencial genético, sendo necessário que o manejo, o valor nutritivo e a oferta de pastos sejam muito bons. Entretanto, observa-se que em muitas situações a alta utilização dos alimentos concentrados se dá em função de erros no manejo das pastagens, com oferta inadequada de pasto, excesso de número de vacas por área, ou mesmo por erros de recomendação técnica.