Bela Vista e Unium lideram ranking. Nestlé desacelerou 23,3% em 2020. O Laticínio Bela Vista (Piracanjuba) assumiu a liderança da captação de leite entre as indústrias participantes do levantamento anual historicamente realizado pela Leite Brasil e agora pela Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite) em parceria com CNA, OCB, Viva Lácteos, Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios -G100 e Embrapa Gado de Leite, além de apoio da SobControle Fazenda - Sistema de Gestão para a Pecuária Leiteira.

Em 2020, O Laticínio Bela Vista captou 1.796.808 litros, com acréscimo expressivo de 23,3% em relação ao resultado do ano anterior. Esse expressivo aumento deve-se, principalmente, pela compra de duas unidades de produção e algumas marcas da Nestlé.

Para o superintendente da empresa, Cesar Helou, o resultado não significa que o Laticínios Bela Vista seja a maior empresa de laticínios do país. “Existem empresas maiores, duas ao menos, mas que não constam do ranking. Mesmo assim, considero que o nosso crescimento em 2020 foi muito positivo”. Para 2021, a proposta de expansão continua mantida. “Nossos esforços diários são direcionados à produção de qualidade, novos produtos e, especialmente, atenção às demandas de consumidores, as quais estão em diferentes regiões do país”, diz. Cita ainda que o aumento na captação também se refletiu nas vendas. “Em 2020, nosso faturamento cresceu 54%, o que significa aumento coerente com nossa estratégia”.

A Unium (Intercooperação de Lácteos das Cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal) também avançou no ranking, captando 1.292.423 litros e assumindo a segunda posição, à frente da Nestlé (líder em 2019), que adquiriu 1.278.000 litros no ano passado.

Importante destacar que desde que a pesquisa anual dos maiores laticínios do Brasil começou, em 1997, a liderança sempre foi ocupada pela Nestlé até o ranking de 2019.

Participaram do levantamento 12 indústrias. Como o gráfico mostra houve bastante movimentação no ranking, com alternância de colocações, mostrando um setor dinâmico e em crescimento.

No total, os 12 laticínios analisados captaram 7.482.680 litros de produtores e terceiros, com crescimento de 4,2% sobre o desempenho do ano anterior. O número de produtores fornecedores também saltou 1,3%, chegando a 29.343. Na média, cada produtor forneceu 480 litros no ano (+2,8% em relação ao levantamento anterior). 

A captação das empresas do ranking representou cerca de 29,3% da captação total de leite no Brasil. A captação total do país sob inspeção (25,5 bilhões, segundo o IBGE) cresceu 2,1% em relação ao ano anterior. 

Segundo Roberto Jank Jr., vice-presidente da Abraleite, o resultado de 2020 é positivo. “O Brasil cresceu à taxa média de 4,5% entre 1994 e 2014. Depois, deixou de crescer entre 2014 e 2019, quando ficou com a produção estável, inclusive no consumo per capita, devido à crise financeira do país. Agora, mostra alguma retomada durante a pandemia, com expressivo aumento do consumo de leite nos domicílios”. 

Jank valoriza o aumento de 4,2% da captação nos grandes laticínios. “Isso mostra que, além da concentração, houve redução da parcela de leite informal, que passou a fazer parte da categoria de leite formal”. 

Outro dado importante extraído do levantamento: 25% do leite formal do país são fornecidos por apenas 3% dos produtores. Se forem incluídos quatro laticínios que ficaram de fora da lista (Lactalis/Itambé, Italac, Aurora e Tirol), pois não informaram seus números, o volume total estimado das 16 empresas representaria 50% do leite formal, cerca de 12,5 bilhões de litros de leite. 

“Se considerarmos a média de 480 litros de leite por produtor, apontada no estudo da Abraleite, constatamos que metade do volume de leite formal do país provém de apenas 7% dos produtores. Esses números mostram uma revolução silenciosa, apoiada pela disseminação do profissionalismo da atividade a partir do ganho de escala. Eis uma tendência se firmando em parceria com as grandes indústrias do setor”, destaca Roberto Jank Jr.