Adilson de Paula Almeida Aguiar - Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite. A sugestão desse conteúdo foi feita pelo Engenheiro Agrônomo João Batista Tonaco Neto.

O animal herbívoro apresenta diferentes respostas à diferentes regimes de desfolha do pasto. Pesquisadores conduzindo experimentos em pastagens de clima temperado, tropical e subtropical, com animais puros europeus, puros zebuínos e seus cruzamentos, produzindo carne ou leite, chegaram às mesmas conclusões: 

- a taxa de ingestão (g de matéria seca ingerida por segundo ou minuto) se mantém máxima e constante até o pasto ser rebaixado numa proporção que corresponde entre 33 a 40% da altura de entrada. 

Em experimentos que animais rebaixaram entre 28 a 40% da altura de entrada do pasto o ganho médio diário foi entre 150 a 263 g maior que nos tratamentos em que os animais permaneceram no piquete até rebaixarem 60 a 67% da altura de entrada do pasto. Entretanto para que a pressão de pastejo fosse diminuída, as taxas de lotação foram reduzidas em 17 a 27%. 

Aqui você me pergunta, mas a produtividade de carne por hectare não caiu? Não! As produtividades de carne foram iguais a até 67,8% mais altas nos tratamentos com menor pressão de pastejo, o que correspondeu a 1,3 a até 14,1@ a mais por hectare.

Com base nestes resultados experimentais e já validados em fazendas comerciais foi possível elaborar a tabela abaixo com três alturas de saída (alturas pós-pastejo ou alturas de resíduo pós-pastejo).

Na altura de saída 1, o manejador da pastagem tem como objetivo maximizar a eficiência de colheita da forragem disponível por meio do pastejo, e a meta é que os animais utilizem pelo menos 50% da forragem disponível. 

Na altura de saída 2, o manejador da pastagem tem como objetivo maximizar o desempenho individual (taxa de fertilidade, peso à desmama, ganho médio diário, acabamento de carcaça etc.). Entretanto estas duas alturas de saída só devem ser adotadas pelo pecuarista que corrige e aduba os solos de suas pastagens, ou os solos têm que ser de fertilidade natural alta ou muito alta, o que é raro em solos sob pastagens brasileiras (entre 92 a 96% dos solos sob pastagens no Brasil são de fertilidade natural muito baixa e baixa). 

Durante muitos anos, a maioria dos especialistas tiveram como foco a máxima produtividade de carne por hectare por meio de altas taxas de lotação da pastagem, e este conceito ainda persiste entre muitos. Entretanto com base em resultados experimentais e de fazendas comerciais, é fato que com reduções na taxa de lotação entre 17 a 27% o ganho individual é maximizado sem redução na produtividade de carne por área, mas na maioria das vezes com aumento na produtividade por área.  

Já a altura 3 deve ser adotada em pastagens cultivadas em solos de fertilidade natural nas classes muito baixa, baixa e média, sem correção e adubação, o objetivo deve ser manter a perenidade da pastagem evitando a sua degradação ao mesmo tempo que o foco deve ser maximizar apenas o ganho individual. Para tal a eficiência de colheita da forragem disponível deve ser de no máximo 20% da altura de entrada do pasto para minimizar a transferência e a exportação de nutrientes ao mesmo tempo que o desempenho individual seja maximizado para uma determinada condição. 

Alturas alvos de entrada e saída no pasto para gramíneas forrageiras em pastoreios de lotação alternada e rotacionada.

Mas você me pergunta: mas não é possível maximizar o desempenho individual e ao mesmo tempo a produtividade por hectare? Sim, há, basicamente com duas estratégias: a) adotando o pastejo de desponte/rapador, ou lideres/seguidores, ou desnate/rapador, com categorias animais que têm exigências nutricionais diferentes; b) suplementando os animais em níveis que provoquem efeitos substitutivo ou combinado do suplemento/forragem.